História da Enfermagem

História da Enfermagem e as Origens do Cuidado

A enfermagem é uma das profissões mais antigas e fundamentais na área da saúde, com uma história de constante transformação ao longo dos séculos. Desde suas origens, o ato de cuidar sempre esteve ligado à empatia, solidariedade e responsabilidade social. Estudar sua trajetória é essencial para compreender o presente e projetar o futuro dessa profissão vital (OGUISSO e CAMPOS, 2013).

Desde os tempos antigos, o cuidado aos enfermos era uma prática empírica associada à fé e a rituais religiosos. Com o advento do cristianismo, o cuidar adquiriu novo significado, baseado em valores como amor ao próximo, caridade e compaixão. Ordens religiosas, como as diaconisas, viúvas e Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, assumiram a missão de assistir aos pobres e doentes, consolidando o cuidado como um ato de fé e serviço a Deus (BENEDET, Silvana Alves et al., 2020). Essa tradição foi reforçada na Idade Média, quando hospitais ligados a mosteiros e conventos se tornaram espaços centrais de assistência, marcando o início da noção institucional do cuidado organizado (RAVAGNANI, 2015).

Florence Nightingale e o Nascimento da Enfermagem Moderna

No século XIX, a enfermagem passou por uma verdadeira revolução com a atuação de Florence Nightingale, considerada a fundadora da enfermagem moderna. Inglesa, nascida em 1820, ela ganhou reconhecimento mundial durante a Guerra da Crimeia (1854–1856), ao liderar um grupo de enfermeiras e reorganizar completamente a estrutura dos hospitais militares britânicos. Suas ações reduziram a taxa de mortalidade entre os soldados de 40% para cerca de 2%, graças à aplicação rigorosa de práticas de higiene, ventilação e nutrição (SIQUEIRA et al., 2023).

Conhecida como “A Dama com lâmpada”, Nightingale tornou-se símbolo de compaixão e inovação, sendo pioneira no uso de estatísticas aplicadas à saúde para fundamentar reformas sanitárias e políticas públicas. Sua atuação ultrapassou o campo da assistência, influenciando diretamente a organização administrativa e sanitária das instituições de saúde britânicas (BOSTRIDGE, 2015).

Em 1860, Florence fundou, no Hospital St. Thomas, em Londres, a Nightingale Training School for Nurses, a primeira escola secular e profissional de enfermagem do mundo. Esse modelo, baseado em ensino teórico, prática supervisionada e critérios éticos e disciplinares, se espalhou rapidamente pelo Império Britânico, Europa, Estados Unidos e América Latina. Essas escolas fixaram os fundamentos da formação moderna, privilegiando a higiene, o treinamento sistemático e a autonomia do enfermeiro como profissional da saúde (BOSTRIDGE, 2015; SIQUEIRA et al., 2023).

A filosofia de ensino criada por Nightingale defendia que as escolas de enfermagem deveriam ser independentes, dirigidas por enfermeiras e com ênfase na formação científica e moral dos alunos (DIAS e DIAS, 2019). Em reconhecimento à sua contribuição, o Juramento Nightingale e a Medalha Florence Nightingale tornaram-se símbolos internacionais da profissão, e o Dia Internacional da Enfermagem é celebrado em 12 de maio, data de seu nascimento (SILVA e LOPES, 2021).

Além do ensino, Nightingale publicou obras de grande impacto, como Notes on Nursing: What It Is and What It Is Not, que permanece até hoje como leitura essencial na formação dos profissionais (BOSTRIDGE, 2015). Sua influência foi decisiva para que a enfermagem se tornasse uma ciência moderna fundamentada em metodologia, observação e cuidado centrado no paciente.

A Enfermagem no Brasil

A enfermagem brasileira se desenvolveu de modo singular, mas sob forte influência da tradição nightingaleana. Durante o século XIX, práticas assistenciais ainda eram exercidas predominantemente por religiosas, porém o modelo proposto por Florence inspirou a criação das primeiras escolas brasileiras, promovendo a profissionalização do cuidado (DE BARROS MOTT, 1999).

A figura de Anna Nery simboliza esse ideal de enfermagem humanitária e científica, marcada pela dedicação e pelo espírito de serviço que são características herdadas da escola inglesa (CARDOSO, MIRANDA, 1999).

No século XX, o fortalecimento das instituições de ensino e das legislações específicas consolidou a autonomia técnica e científica da enfermagem no Brasil, transformando-a em pilar do sistema de saúde e da segurança do paciente.

Ensino, Pesquisa e Identidade Profissional

Seguindo a herança intelectual deixada por Florence Nightingale, a enfermagem contemporânea expandiu sua atuação para o ensino, a pesquisa e a gestão em saúde. A incorporação de métodos científicos, tecnologias e abordagens humanizadas fortaleceu a qualidade da assistência e o protagonismo dos enfermeiros nas decisões clínicas e estratégicas (OGUISSO e CAMPOS, 2013).

O compromisso ético e humanizado do profissional reflete o contínuo aperfeiçoamento da enfermagem enquanto ciência e profissão, centrada no cuidado integral, na empatia e na segurança do paciente.

A Evolução Permanente da Profissão

Atualmente, a enfermagem é uma das profissões mais presentes nos sistemas de saúde em todo o mundo. Seu desenvolvimento, iniciado com a visão humanista e científica de Nightingale, segue se expandindo com novas especializações, avanços tecnológicos e abordagens interdisciplinares.

A influência de Florence Nightingale permanece viva como referência global para a prática baseada em evidências, o compromisso social e a valorização do cuidado como expressão máxima da dignidade humana (DIAS e DIAS, 2019; SILVA e LOPES, 2021). Essa trajetória inspira gerações de enfermeiros a renovar, diariamente, o compromisso com a vida, a ética e o serviço ao próximo (DE BARROS MOTT, 1999; BENEDET, Silvana Alves et al., 2020).

Florence Nightingale escreveu mais de 200 obras, entre livros, relatórios e artigos — muitos deles voltados à enfermagem, estatística, saúde pública e reforma hospitalar.

Principais livros publicados:

1. "Notes on Nursing: What It Is and What It Is Not" (1859)
→ Seu livro mais famoso, considerado a base da enfermagem moderna.

2. "Notes on Hospitals" (1859)
→ Apresenta princípios de arquitetura hospitalar e higiene hospitalar.

3. "Subsidiary Notes as to the Introduction of Female Nursing in Military Hospitals in Peace and War" (1858)
→ Discute o papel das mulheres na enfermagem militar.

4. "Notes on Matters Affecting the Health, Efficiency and Hospital Administration of the British Army" (1858)
→ Relatório técnico sobre as condições sanitárias do exército.

5. "Suggestions for Thought to Searchers after Religious Truth" (1860, publicado postumamente)
→ Reflexões filosófico-religiosas.

1. Estrutura dos volumes “Collected Works of Florence Nightingale”

A editora organizou as obras completas de Nightingale em 16 volumes, agrupando livros, panfletos, artigos, cartas e outros materiais. cwfn.uoguelph.ca+2oldmis.kp.ac.rw+2 

2. Obras principais ou mais citadas (https://cwfn.uoguelph.ca/)

Para seu estudo, talvez seja útil identificar algumas das obras mais influentes (livros ou panfletos) — não estão todas, mas servem como marcos:

• Notes on Nursing: What It Is and What It Is Not (1859) — talvez o mais famoso livro dela.

• Notes on Hospitals (1859) — trata de arquitetura e administração hospitalar. (mencionado em contextos bibliográficos)

• Relatórios como Notes on Matters Affecting the Health, Efficiency and Hospital Administration of the British Army (1858) — trabalho técnico com base na guerra da Crimeia. NIGHTINGALE, Florence. Notas sobre enfermagem. Editora Bibliomundi, 2021.

• Ensaios menores e panfletos sobre saúde pública, saneamento, e reforma sanitária da Índia, etc.

• Mais de 200 “books, pamphlets and articles” atribuídos a ela — segundo uma bibliografia de 1962, consideraram “mais de 200” publicações. International Review of the Red Cross+1

• Além disso, ela escreveu mais de 12 000 cartas — que também estão catalogadas. International Review of the Red Cross+1